Na Parede









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Admiro e invejo os desenhistas que conseguem desenhar em mesa de bar. Eu, por dispersivo, nunca fui bom nessa especialdade!
Mas a verdade é que todos que amam o desenho, são compulsivos, nessa fome de retratar o que se vê.
Já vi o que o Carlos Mateus sofre dessa doença benigna. Seus registros da noite do Parangolé são preciosos. Aquilo que as câmaras fotográficas, hoje tão vulgarizadas, não conseguem apreender.

Tango da quarta-feira


Encontros, desencontros e reencontros.
 
O copo de cerveja, que tem como cenário de fundo as duas mãos que se tocam, num grau de carinho que dá pra sentir aqui do outro lado do desenho.
A dupla de violeiros, (que deve estar em plena execução de um chorinho doce!), mostrados de um ângulo propício, onde se vê os frequentadores e um solitário ventilador ao lado.
O retrato carinhoso do mestre professor Darci. O garçon (maitre!!!) que dá uma paradinha no banquinho alto, porque não  resiste ao fascínio da música a vivo.

Roda de Choro da terça-feira

A técnica em aguada é adequada para clima de bar, embora ali o que menos se beba seja água!!!!
Vai em frente Mateus, as mesas de bar te esperam para serem retratadas e, claro, entre um rabisco outro, uma taça de bom vinho.
Não esqueça que o vinho serve também para fazer bons efeitos de sombra num desenho!
Santiago - Cartunista



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Abraçar a história da música popular na Porto Alegre das últimas décadas significa, inevitavelmente, deparar-se com Darcy Alves e seu violão. Onipresente nas noites da capital gaúcha, sua figura está mais do que carimbada em qualquer álbum sobre Lupicínio, Alcides Gonçalves, Johnson, Túlio Piva, Jessé Silva, Zilah Machado, Plauto Cruz, Lourdes Rodrigues e outros tantos que dividem com ele o infinito intervalo de tempo chamado seresta.

Mas essa estampa não está em fundos de gavetas ou nos baús empoeirados do saudosismo. Pelo contrário: mais do que nunca, o Professor prossegue, lépido e faceiro, contrariando a velha máxima de que a cidade não tem mais boêmios, apenas rapazes que dormem tarde. E para quem já dedilhou cordas com tanta gente bacana em seis décadas de atividade, a surpresa fica por conta de sua nova empreitada, em trio, acompanhado pela escrita de Paulo César Teixeira e pela fotografia de Tânia Meinerz, jornalistas sintonizados e afinadíssimos em seus instrumentos. 


O resultado se materializa no livro Darcy Alves Vida nas Cordas do Violão (Ed. Libretos) e também nesta exposição promovida pelo Bar Parangolé, proporcionando acordes geniais ao captar a essência pessoal e profissional de um baita personagem. Episódios, protagonistas, lugares e aspectos insólitos são resgatados por mãos seguras e um olhar tão atento à profundidade quanto ao detalhe, em uma narrativa quase tridimensional: a cada capítulo, corre-se o risco de que o próprio seresteiro, elegância em pessoa, saia do papel empunhando o violão certeiro, voz grave, olhar experiente e sorriso maroto, marcas registradas dessa grande figura.